A Netflix sabe se comunicar. Quem recebe a informação "111 milhões de pessoas assistiram 'Round 6' ao redor do mundo" entende que 111 milhões de pessoas assistiram de cabo a rabo todos os episódios da trama coreana. A realidade, porém, é bem diferente. Pela métrica vigente, o assinante que consumiu dois minutinhos de "Round 6" já é empurrado para o balaio dos 111 milhões, o que é simplesmente bizarro. De toda forma, há algo por trás do sucesso desse seriado. E esse algo é bem menos bizarro que o cálculo de audiência do streaming.
Mistura de "Jogos Mortais" com novela, "Round 6" recoloca no mapa o entretenimento em estado puro. Quem supera os dois minutos da cláusula de barreira da Netflix e encara a história até o fim é instado a se divertir sem contrapartidas, livre dos pedágios chatíssimos espalhados em "La Casa de Papel" -- as lições de moral da última temporada são risíveis, para dizer o mínimo -- e outros títulos de grande investimento.
A Coreia do Sul descobriu que a cultura pop ocidental está mais preocupada com a lacração do que com a diversão. Se nada mudar a curto e médio prazo, a tendência é que eles cresçam ainda mais. O Coldplay está atento. A Netflix está atenta.