Televisão

Novo "Encrenca" é a primeira bomba nuclear produzida no Brasil

O inesquecível Enéas Carneiro dizia que o Brasil só ficaria livre da pressão do capital internacional quando construísse uma bomba atômica. Mal sabia ele que a primeira arma do tipo seria construída por uma emissora de TV. O novo "Encrenca" é o pior programa de uma grande rede nacional em mais de 70 anos. Não […]

Divulgação/RTV!

O inesquecível Enéas Carneiro dizia que o Brasil só ficaria livre da pressão do capital internacional quando construísse uma bomba atômica. Mal sabia ele que a primeira arma do tipo seria construída por uma emissora de TV. O novo "Encrenca" é o pior programa de uma grande rede nacional em mais de 70 anos. Não é exagero. Nada produzido pela CNT, que logo mais vai ultrapassar a RedeTV! em audiência, é pobre, chato, feio, desordenado, arrastado, constrangedor que novo velho humorístico, agora conduzido por Beby, Gretchen, Narcisa e Tokinho.

Com quase três horas de duração, o "Encrenca" aposta na disrupção dos memes e na velocidade do Twitter para conquistar o mercado. Por enquanto, só conseguiu a audiência do Twitter. O programa perdeu para a "Mesa Redonda", da decadente TV Gazeta, e apanhou que nem cachorro do "Perrengue", que deve ter um custo de produção razoavelmente menor. É isso o que mais espanta na RedeTV!: a capacidade de fazer o barato custar caro, muito caro.

A primeira hora do "Encrenca" foi dedicada à Gretchen. A rainha do rebolado explicou para o público o que é um meme -- demorou dez minutos para isso, um feito e tanto -- e concedeu uma entrevista roteirizada para Narcisa Tamborindeguy. Se ninguém mais acha graça na Narcisa in natura, que tropeça no quintal de casa e fala "ai, que loucura" antes de se espatifar no chão, o que dizer da versão teatralizada?

Pior que Narcisa é o anão Tokinho. Meme velho, batido pra caramba, ele ficou passeando de carrinho no estúdio da RedeTV! e repetindo frases claramente sugeridas por alguém de mal com a vida -- outra vez: por que roteirizar uma celebridade "memética"?. Em dado momento do programa, ele disse a Narcisa que adoraria conhecer Toquinho, o compositor musical. Bons tempos em que os domingos da emissora eram recheados pelo "Pânico".

Beby, radialista das antigas, é o Emilio Surita da trupe. Perto dos demais colegas, ele é praticamente o Gugu Liberato. Sabe ler TP, consegue contornar erros do switcher (deixaram ele na mão pelo menos duas vezes) e interage sem parecer um imbecil. Infelizmente, não há nada para ser apresentado ali. Tirando o trote na dupla Pepê e Neném, tudo é tristemente óbvio e aborrecido no "Encrenca".

A RedeTV! ganharia muito mais se desistisse do "Encrenca" e largasse João Kléber das 20h à 0h. Os anunciantes até apoiariam a troca. Melhor algum ibope sem conceito do que ibope nenhum com um conceito que, até aqui, atraiu meia dúzia de gatos pingados.