"Nova" Fórmula 1 tem poucas ultrapassagens e transmissão amadora

Nada é tão ruim que não possa piorar. A temporada 2017 da Fórmula 1, primeira sob a égide da bilionária Liberty Media, tem tudo para ser pior que as anteriores. Pior e mais confusa.

A empresa que pretende equiparar o GP da Austrália ao Super Bowl não conseguiu manter, durante os 90 minutos da corrida, um gráfico com as posições e os tempos atualizados dos pilotos. Ruim para os habitués, péssimo para os desavisados que sintonizaram a Globo esperando uma vitória de Felipe Massa no esplêndido retorno ao esporte.

A transmissão da corrida, aliás, também ficou abaixo do padrão. Durante três minutos, o diretor de TV contratado pela Liberty Media deixou de lado a guerra fria entre Sebastian Vettel e Lewis Hamilton para mostrar o carro quebrado de Daniel Ricciardo. 17º colocado, o australiano recebeu mais atenção que Valtteri Bottas e Kimi Raikkonen, pilotos que disputavam um lugar no pódio. Replays e cenas recuperadas, a exemplo das trocas de posições definidas na pista, inexistiram.

Os novos carros são incomparavelmente mais bonitos e rápidos que os pares da geração KERS, mas não dividem curvas. Manobra mais bonita do fim de semana, as ultrapassagens de Esteban Ocon e Nico Hulkenberg sobre Fernando Alonso só aconteceram porque a McLaren do espanhol, para variar, quebrou. O regulamento da revolução é, até aqui, o regulamento da regressão, com vitórias decididas nos boxes e filas indianas.

A Fórmula 1 não está errada ao olhar para o mercado americano. Está errada somente em relação ao alvo. Seus dirigentes, esportivamente, têm mais a aprender com a combalida Indy e a midiática Nascar do que com a NFL.