Ícaro Silva x Tiago Leifert: quem fala o que quer...
O ator Ícaro Silva, estrela das densas e sofisticadas obras "Malhação" e "Verdades Secretas 2", chamou o "Big Brother Brasil" de "entretenimento medíocre" em uma postagem no Twitter.
"Gente, respeita a minha história, a minha trajetória, meu ódio por entretenimento medíocre e minha repulsa por dividir banheiro. Parem de acreditar nessa história absurda de que eu cogitaria ir para o Big Boster Brasil".
Como Tiago Leifert escreveu, Ícaro Silva tem todo o direito de achar este ou aquele programa ruim. O que faltou a ele foi um pouco de bom senso. A essência da TV aberta é o entretenimento palatável, cru, livre de pretensões sociológicas. "Casos de Família", "Melhor da Tarde", "Hoje em Dia", as novelas e o "TV Fama" são o fast food da indústria cultural, não o Fasano. E é importante que todos esses produtos existam. Ninguém suportaria um dia inteiro de "The Wire" na cabeça.
Quem lê a queixa de Ícaro Silva deve imaginar que ele é um ator da primeira linha da dramaturgia. Por mais talento que ele possa ter, o currículo dele está forrado de referências mais medíocres que o "BBB". "Pequena Travessa" e "Os Caras de Pau" não devem nada para as aventuras de Juliette na edição passa do reality. "Verdades Secretas 2" é tão ruim que nem cabe comparação.
Os entusiastas da alta cultura na TV têm outra boa razão para apoiar programas "medíocres" como o BBB: o dinheiro. São as novelas e os produtos de linha de frente que garantem o investimento das tramas mais elaboradas. Na prática, Tiago tem razão ao dizer que o reality ajudou a pagar salários da Globo ao longo de 2021.
Em tempo: é ultrapassado demais demonizar o BBB com argumentos culturais, eruditos.