“Fantástico” foi injusto com Gusttavo Lima

O “Fantástico” de ontem fez uma bizarra conexão entre o tiroteio da Flórida e a passagem de Gusttavo Lima por um estande de tiro localizado no mesmo estado.

O estopim da reportagem, um tantinho cínica e um tantão recriminatória, foi um post de Instagram em que o cantor critica a falta de segurança no Brasil e pede a revogação do estatuto do desarmamento.

É admirável um artista popular assumir suas opiniões em público, sejam elas progressistas ou conservadoras. O cinismo de conveniência é tão ruim quanto o politicamente correto. Lamentável é um programa jornalístico denunciar as polarizações fabricadas nas redes sociais e, quinze minutos depois, recorrer ao mesmíssimo expediente.

Os pauteiros de Facebook passam um recibo gigantesco de desconhecimento e preguiça quando chamam de “controversa” a opinião de Gusttavo Lima sobre o estatuto do desarmamento. O público do sertanejo é o que mais sofre com a violência e, consequentemente, o mais entusiasmado com a hipótese da revogação do estatuto. Quem sobe hashtag para protestar sequer conhece o refrão de “Balada Boa”. Está, apenas, pressionando o cantor a revisar a própria opinião, como se ela fosse passível de punição.

O problema do Brasil, como sempre, não é a aversão ao debate. É a aversão a quem pensa diferente - seja maioria ou minoria.