Televisão

"Esquenta!" é um safári para os virtuosos das redes sociais

"A gente pega o que gravou no auditório, bota numa sacola e vai assistir com uma família em algum lugar do Brasil". O novo "Esquenta!" não é um programa de televisão, como bem definiu Regina Casé ao GShow. É um safári pautado pelas impressões que os intelectuais das redes sociais têm a respeito dos brasileiros de […]

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"A gente pega o que gravou no auditório, bota numa sacola e vai assistir com uma família em algum lugar do Brasil".

O novo "Esquenta!" não é um programa de televisão, como bem definiu Regina Casé ao GShow. É um safári pautado pelas impressões que os intelectuais das redes sociais têm a respeito dos brasileiros de baixa renda.

Participaram da estreia da quinta temporada, lançada neste domingo, a dupla César Menotti & Fabiano e o cantor Emicida. Os sertanejos colecionam sucessos nas rádios e são reconhecidos pelo público que o "Esquenta!" diz representar. O rapper só é conhecido na periferia da FNAC Pinheiros.

A churrascada na laje, com a presença de humoristas afetados e atores comprometidos com o (colunismo) social, desapareceu da atração. Os musicais conceituais, para  o azar do público, não tiveram o mesmo destino. Durante a apresentação de "Gordinha", hit de César Menotti & Fabiano, cinco mulheres acima do peso dançavam no palco. Era o prefácio de uma modorrenta discussão sobre gordofobia. Rapidamente, a mensagem divertida da canção perdeu espaço para a teorização de Telecurso. O peso insuportável do textão.

De olho na audiência do "Domingo Show", que passa dos dez pontos quando Geraldo Luís procura na rua alguém disposto a chorar, Regina Casé viajou a Fortaleza, onde encontrou uma mulher que trata bem sua empregada doméstica. Por um bom tempo, apresentou uma relação respeitosa como algo inusitado, distante das pessoas de classes diferentes. Não é por acaso que produzimos filmes rasos como "Que Horas Ela Volta?" e ainda ficamos surpresos com os sucessivos fracassos no Oscar.

O "Esquenta!" surgiu para mostrar a cultura popular do Brasil e a classe C, que viveu uma década de glória para amargar duas de prejuízos e dificuldades. No ar há cinco anos, prova estar cada vez mais distante do seu intento. Porque os pobres são pobres, mas não aceitam ser colocados na sacola dos que estudam o Brasil na tela do computador.