Debate da Globo: formato virtual não é simples como parece


Candidatos e eleitores têm pressionado a Globo para que ela substitua o debate presencial entre Guilherme Boulos, contaminado pela Covid-19, e Bruno Covas por um encontro remoto. O argumento da arquibancada: qualquer um faz lives caseiras pelo Instagram ou pelas boas plataformas de videoconferência popularizados ao longo dessa interminável pandemia.

A questão, para destemor dos milhões de TIs espalhados nas redes sociais, é muito mais complexa. A Globo tem obrigações éticas e legais dentro do debate desta noite. Além das leis eleitorais, que são muito rígidas em relação à isonomia das condições propiciadas aos candidatos, sejam eles 2, 4 ou 40, a emissora tem que zelar pela própria imagem. De forma prática: se o Skype de um candidato cai, todo o ônus ficará nas mãos do mediador, Cesar Tralli, que será submetido ao Supremo Tribunal do Google, e da direção da TV, que terá de justificar a vantagem obtida pelo prefeitável que permaneceu online.

A Globo pode montar links nas casas dos candidatos? Pode. Desde que exista tempo hábil. Não é fácil testar funcionários para Covid-19, reunir equipamentos e carburar sinais em um intervalo de aproximadamente seis horas. Ademais, pelos protocolos de isolamento social, seria impossível vigiar as equipes dos candidatos para impedir o uso do ponto eletrônico e de outros recursos ilegais.

A posição da Globo é ingrata e injusta – é uma infelicidade extrema a contaminação de Boulos justo hoje. Com ou sem debate, ela será questionada e até responsabilizada pelo resultado da eleição.