Criticar Datena por cadeirada em Pablo Marçal é hipocrisia

Está na história da TV. José Luiz Datena, candidato à prefeitura de São Paulo, deu uma cadeirada em Pablo Marçal, o outsider que atingiu a liderança das pesquisas agindo como um presepeiro. A Cultura, famosa pela programação pedagógica, viveu seu dia mundo cão. Em pleno horário nobre do dia mais acirrado da guerra da audiência, o domingo.

Os jornalistas agiram certo ao expulsar Datena. Regras são regras. Agredir fisicamente um adversário, por mais desagradável que ele possa ter sido, e ele foi, é uma infração grave. Pablo Marçal poderia continuar, mas preferiu criar material para suas mitadas, saindo de ambulância rumo ao pronto-socorro mais próximo. É possível que ele apareça terça, na RedeTV!, enfaixado como o Seu Madruga. Tanto faz. Ele vive o feed.

Se a reação dos funcionários da Fundação Padre Anchieta foi razoável, a dos adversários de Pablo Marçal deixou a desejar. Tabata Amaral, Guilherme Boulos, Marina Helena e Ricardo Nunes criticaram duramente Datena, pontuando que não é assim que se resolve os problemas da cidade --também não é debatendo impeachment de ministro do STF e descriminalização da maconha, temas inacreditavelmente trazidos ao debate, mas tudo bem.

Com toda a franqueza do meu coração: esse papinho de "a violência é errada, buuuu" é, nesse caso, hipócrita e estéril. Datena fez o certo. Você não discute com baratas. Você pisa nas baratas. Pablo Marçal queria que Datena se abobalhasse, como Guilherme Boulos no episódio da carteira de trabalho, mas recebeu algo menos doce que um viral: a cadeirada do rival.

Pablo Marçal sabe que sai perdendo com essa cadeirada. O eleitor mais entusiasmado pode até engrossar a narrativa "vejam só, os comunistas querem calar o Marçal!", mas muita gente foi dormir inconformada com o que assistiu. Afinal, como pode o homem que promete derrotar o consórcio comunista ser incapaz de se proteger de um homem de 67 anos?

É selvagem, mas é o que temos pra hoje. E para amanhã. E para os próximos anos.

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Após o debate, em entrevista à Cultura, Datena disse que não se arrependeu do golpe em Pablo Marçal.