Crise da TV paga e boa audiência da NBA sinalizam caminho para recuperação da Band

A crise da TV paga, cuja retração beira os dois dígitos, e a excelente audiência obtida com a final da NBA, vencida pelo Toronto Raptors, são dois acenos fortes, fortíssimos, para o ressurgimento da Band, quarta maior rede aberta do país, como "canal do esporte".

Depois do péssimo exemplo da UEFA Champions League, que escolheu sumir dos canais especializados para priorizar as redes sociais, somente as federações mais estúpidas aceitarão trocar a exposição de atletas e agremiações, fundamental para o marketing esportivo, pelos caraminguás arrecadados com a exclusividade dos direitos. Premier League, Serie A, La Liga, NFL, F-E e Ligue 1, para citar alguns eventos de porte, precisam de vitrine. Com a incapacidade de recuperação das operadoras de TV por assinatura, que não conseguem se reinventar, quem recupera brilho na prateleira é, justamente, a TV aberta.

O modelo de compartilhamento de direitos de transmissão não é - nunca foi - novidade no Brasil. Atualmente, a RedeTV! tem 38 jogos da Serie A graças a um acordo com a DAZN e a possibilidade de adquirir mais 32 jogos da Premier League em uma dobradinha com a ESPN. Para a RedeTV!, esses jogos representam alguns milhões de reais em patrocínio, dois pontos de audiência na Grande São Paulo e reputação. DAZN e ESPN perdem parte do público dos eventos, mas conseguem divulgar suas plataformas de conteúdo na TV aberta ao mesmo tempo em que diluem custos contratuais. É o sistema win-win.

Berço do "Show do Esporte", a Band entraria nesse formato "reinaugurado" pela RedeTV! com duas vantagens: a fidelidade do telespectador, que reconhece a expertise da emissora no campo esportivo, e a mesmice das concorrentes. Record, SBT e Globo resumem suas tardes de domingo a filmes e programas de auditório. Se, com essa concorrência, a Fórmula Indy consegue picos de 3 pontos, é de se imaginar o que um jogo da Eredivisie, a acessível primeira divisão da Holanda, conseguiria. Com a cobertura do "Jogo Aberto" e do valente "Terceiro Tempo", que levanta a média da Band a despeito da perda dos direitos do futebol brasileiro,  brutalmente encarecidos, tudo tende a ser aceito pelo público.

Nas últimas semanas, o colunista Flávio Ricco tem pontuado o interesse da Band pelo campeonato francês. Mesmo que Neymar retorne ao Barcelona, é um excelente negócio. Com NBA, NBB, futebol europeu, Fórmula Indy e o Brasileirão feminino, que respondeu bem ao primeiro teste, a Band tem tudo para reviver sua fase de ouro e sair da encrenca em que se enfiou.