Como a cultura do cancelamento destruiu o Big Brother Brasil

"Quando vi esse paredão, essa primeira semana, a pergunta que me veio a cabeça foi: 'O que você quer?'. 'Ah, quero entrar no Big Brother, é tudo o que quero'. Sério? Aí vem para cá e não se compromete, vem para o jogo e não quer jogar? Já pensou? Entrar no BBB, algo tão difícil, tão concorrido e perceber que não adiantou de nada?"

A provocação de Tadeu Schmidt ao pessoal "paz e amor" que habita a casa do Big Brother Brasil 22 é sintomática. O programa, que em 2020 e 2021 redescobriu o topo do ranking dos shows mais assistidos e comentados do País, sofre com a falta de perspicácia, maldade e atividade dos jogadores. Todos querem ser amigos. Todos querem dar as mãos e ensinar danças circulares na TV.

O reality show é o Coliseu do século 21. Quem sintoniza a Globo ou a Record para assistir "BBB" ou "A Fazenda" espera atritos, brigas. Em tempos de covid-19, onde o "Jornal Nacional" dá a mesma notícia há dois anos (assista ao vídeo abaixo), o telespectador fica ainda mais ávido por válvulas de escape. E elas se fecharam por causa de uma velha conhecida deste site: a cultura do cancelamento.

Os canceladores são os maiores inimigos do entretenimento. Instalados na implacável tribuna do Twitter, a mais influente da imprensa contemporânea, eles imobilizam o comportamento de todos os seres vivos do mundo, cobrando virtudes que não têm e condenando vícios que têm de sobra. Receosos de serem tratados como verdadeiros párias da humanidade por desgostarem disto ou daquilo, os animais do safári das câmeras instintivamente se escondem desses cruéis caçadores. É mais seguro ficar calado e evitar o Supremo Tribunal do Google, afinal.