Carlos Alberto de Nóbrega, escada para lacrador

Acostumado a ser escada da Velha Surda e do Matheus Ceará, Carlos Alberto de Nóbrega experimentou uma nova função no “Roda Viva” da última segunda-feira: escada de jornalista lacradora.

Perguntaram a Carlos Alberto de Nóbrega o que ele perguntaria a Lula em um podcast. Uma porcaria de pergunta, que resume a preguiça da produção do “Roda Viva” e a baixa qualidade do jornalismo de entretenimento do Brasil. Carlos Alberto de Nóbrega não falaria de política se não fosse instado a falar. A partir do momento que a pergunta é colocada na roda, o mínimo que Vera Magalhães poderia fazer era dar liberdade a seu entrevistado, evitando aquele patético “o voto é livre” no fim.

Carlos Alberto de Nóbrega não diz que o voto em Lula é —ou deveria ser— inconstitucional. Ele caçoa da falta de instrução do petista, submetendo-se à opinião popular. Nada diferente do que Leonel Brizola fazia na década de 1980, quando o “Roda Viva” respeitava a fonoaudiologia e a liberdade dos entrevistados. Usar a fala de Carlos Alberto de Nóbrega para expiar pecados imaginários e ser aceita por uma esquerda que nunca esquecerá o (injusto) meme da escolha muito difícil é desrespeitar o público e o próprio Carlos Alberto de Nóbrega, que aos 87 anos poderia muito bem recusar o convite e ficar em casa, deixando a TV pública no traço de sempre.

Saudades da repórter Lola.