O desfile da Paraíso do Tuiuti nas redes sociais

Fernando Grilli | Riotur

A escola de samba Paraíso do Tuiuti criticou a reforma trabalhista e chamou o presidente Michel Temer de 'vampiro neoliberalista' no desfile de domingo. Quem assistiu pela TV, com a ajuda desnecessária da Globo, ignorou o protesto. Quem estava na Sapucaí, também. A repercussão, como sempre, veio nas redes sociais, graças ao didatismo das pessoas que ficaram ofendidas com a manifestação.

Ninguém acompanha o Carnaval para ouvir o recado da Beija Flor sobre Guiné Equatorial. Ou a visão da União da Ilha sobre Dom Quixote. Os foliões estão na Sapucaí pra brincar, dançar, usar fantasias proibidas por Gilberto Dimenstein, acenar para os famosos e dar risada dos carros alegóricos quebrados. Os jurados, selecionados para analisar detalhadamente a cadência do samba, revezam notas 10, 9,9 e 9,8 para justificar as bisnaguinhas com presunto e queijo e as caixinhas de suco consumidas madrugada afora. Quem interpreta e passa adiante a sociologia dos enredos são os intelectuais do Leblon. Quem traduz o blá-blá-blá dos intelectuais do Leblon e dá folego à narrativa, três dias depois do evento, são os influenciadores digitais da direita.

Michel Temer é filho do PT. Por que a oposição, assumidamente antipetista, quer tanto embalar essa peça rara?