Nelson Piquet acelera para trás

Uma coisa é ser polêmico, falastrão, controverso. Outra, bem diferente, é se referir a Lewis Hamilton como "neguinho". Nelson Piquet há anos procura sarna para se coçar. Conseguiu, com certo atraso, o que tanto queria. Mercedes e FIA já saíram em defesa do piloto britânico. Outras equipes seguiram o mesmo caminho.

O The Guardian, tradicional jornal britânico, quer que a Liberty Media impeça Nelson Piquet de circular pelos paddocks até que ele peça desculpas a Lewis Hamilton. Acho bem possível que ele ajuste a conduta e admita que passou do ponto, até por pressão dos filhos. Não duvido, ainda, que faça isso politizando a questão, alegando que as redes sociais alimentam patrulhas do mal -- alimentam, sim, mas o caso do brasileiro pertence a outro rol. O problema é que a marcha à ré do carro do ex-piloto continua engatada.

Nelson Piquet é um dos maiores dentro das pistas. Corre o risco de ser lembrado como um dos menores fora delas.

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Nelson Piquet emitiu a seguinte nota nesta quarta-feira (29)

"Eu gostaria de esclarecer a história que tem circulado na mídia a respeito de um comentário que fiz em uma entrevista no ano passado. 

O que eu disse foi mal pensado, e não há defesa para isso. Mas gostaria de esclarecer que o termo usado é historicamente usado de forma coloquial no português brasileiro como um sinônimo de rapaz ou pessoa, mas sem a intenção de ofender. Eu nunca usaria a palavra da qual tenho sido acusado em algumas traduções. Condeno toda e qualquer sugestão de que a palavra que usei tenha sido direcionada de forma depreciativa ao piloto por causa da cor de pele dele. 

Peço desculpas de coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, um incrível piloto, mas a tradução em alguns veículos, agora circulando nas redes sociais, é incorreta. Não há lugar para discriminação na F1 ou na nossa sociedade, e estou contente em esclarecer o que quis dizer a esse respeito"