Milhões de reais para um Senado que fiscaliza McDonald's e Burger King

Você sabe quanto custa um senador? Eu também não. Felizmente, a CNN Brasil descobriu alguém que pudesse fazer esse cálculo por nós. E o produto é estarrecedor. São, arredondando para baixo, 24 milhões de reais gastos anualmente com cada um dos nobres parlamentares. 2 milhões por mês. 67 mil reais por dia. Quase 3 mil reais por hora.

O Brasil está ferrado e, diferentemente dos barões de Brasília, mal pago. Precisamos discutir reformas, leis e afins com o máximo de pressa, haja vista que o precipício é logo ali. O que nossos representantes fazem? Na Câmara, leem a Bíblia. No Senado, as letrinhas miúdas das propagandas de McDonald's e Burger King.

Indignado com as histórias do McPicanha sem Picanha e do Whopper Costelinha sem Costelinha, Nelson Trad, senador pelo Mato Grosso do Sul, pediu para a Comissão de Transparência, Fiscalização e Defesa do Consumidor convocar funcionários das duas lanchonetes para esclarecer a polêmica e colocar tudo "em pratos limpos".

"Nós não podemos aceitar isso aí", disse ao Correio Braziliense.

Eu experimentei o tal McPicanha duas vezes. Na primeira, em 2019, a carne era de picanha. Na última, semana retrasada, o único elemento que remetia ao nome era o molho industrializado, um dos melhores já encomendados pela companhia, diga-se. Nas duas oportunidades eu sabia exatamente o que estava consumindo. A propaganda podia ser mais clara? Talvez. A questão é: os brasileiros não podem ser tutelados o tempo todo. E a polêmica criada em torno do sanduíche não demandaria uma sessão da casa mais nobre do Poder Legislativo. Ou admitimos isso ou a qualquer momento um executivo da Nissin será obrigado a viajar a Brasília para explicar onde está o peixe do Miojo sabor camarão.

No Brasil, as coisas acabam em hambúrguer quando a pizza está em falta. Sorte do Presidente da República, o único que não é fiscalizado pelo Legislativo -- aquela CPI da Pandemia foi, para ser educado, ridícula.