Juliana Paes face a face com os fascistas

Juliana Paes caiu no conto do pluralismo. Instada a descer do muro e se posicionar politicamente, a atriz atraiu a ira dos bolsonaristas ao denunciar os "ideais arrogantes da extrema-direita" e o desdém dos petistas ao repudiar os "delírios comunistas da extrema-esquerda". Como se a encheção de saco das redes sociais não bastasse, a Dona do Pedaço se viu analisada por Tony Goes no F5, o site de entretenimento da Folha de São Paulo. Vá se benzer, menina.

Lula só perde a eleição de 2022 se quiser. Com a terceira via deitada em berço esplêndido e um presidente como Bolsonaro monopolizando a "direita", o PT está pronto para a vitória. Em vez de celebrar essa súbita virada de jogo, inimaginável anos atrás, a militância neófita tem preferido atazanar os infelizes que desejam novas lideranças políticas -- o petismo não é mesmo sinônimo de comunismo, mas está longe de ser o único remédio para as debilidades autoritárias do governo federal.

Ninguém discorda que o país precisa devolver Jair Bolsonaro para o sofá do "Superpop" se quiser se desenvolver. Esse entendimento, porém, não pode ser transformado em submissão a Lula ou ao PT. Até a realização do primeiro turno, eleitores de esquerda e direita têm a obrigação de pensar em 2022, 2026, 2030, 2034. E isso só é possível com projetos alheios aos vícios do passado e aos pesadelos do presente.

Vozes dissonantes, como a da atriz Juliana Paes, devem ser incentivadas, não ridicularizadas. Despolarizar é preciso -- e não é sintoma de fascismo.