Anitta tem o direito de opinar sobre o que quiser, como quiser e quando quiser

É uma pena Anitta ter substituído o texto em homenagem a Marielle Franco (leia no fim da postagem) por um emoji de coração partido.

Em poucas linhas, a cantora excluiu a militância política da tragédia - é imperativo reconhecer que o assassinato não tem a ver com esquerda ou direita - e atacou a histeria coletiva que domina o Brasil a cada tragédia. Há 11 anos, o menino João Hélio era a égide da barbárie institucional. Há 7 anos, a juíza Patrícia Acioli ganhava coroas de flores e depoimentos emocionados. Quanto tempo durou a revolta? Quantos policiais e favelados perderam a vida nesse período, sem que alguém estendesse a mão ou organizasse um twittaço?

Como estamos em período pré-eleitoral, é bastante provável que a memória da vereadora continue a ser corroída por direitistas sem moral e esquerdistas oportunistas. Notícias falsas e comparações chulas - como um petista pode, em sã consciência, associar o impeachment de Dilma Rousseff ao infeliz destino de Marielle? - não cessarão tão cedo. Nesse cenário, paga o pato quem não se curva ao bom-mocismo de ocasião. Quem não está nem aí para a cartilha e os urros dos aldeões.