A polícia do pensamento do governo Lula
Felipe Neto é o mais novo integrante do governo Lula. Segundo a CNN, o youtuber ajudará o Brasil a desenvolver “estratégias de combate ao discurso de ódio e ao extremismo e propor políticas públicas sobre o tema”. E mal nos livramos da pandemia...
Eu sou a favor da regulamentação das redes sociais. Acho acintoso que elas paguem menos impostos que a Alpha ou a Jovem Pan e sigam regras mais frouxas que as aplicadas contra o Grupo Globo ou a Folha. Facebook, Twitter e Instagram são empresas de mídia e devem contribuir como as demais integrantes do setor: com suor, responsabilidade e dinheiro. O que não conta com meu apoio é o controle de narrativas. Justamente o que o convescote petista, abrilhantado por um imitador de focas que ficou milionário atazanando adolescentes fãs de Crepúsculo, pretende fazer.
O Brasil tem sérios problemas de formação moral e intelectual. Jair Bolsonaro, candidato derrotado na última eleição, elenca muitos dos vícios que salgam a nossa terra. Em nome da extinção do extremismo simbolizado pelo capitão, cuja prisão, diz o UOL, pode nunca acontecer dado o risco dele se tornar um mártir --o Judiciário brasileiro lembra muito o Palmeiras de 2004--, a esquerda pretende regular o que pode e o que não pode ser aceito nas redes sociais. Saneamento básico? Fica pra depois. Moradia? Passa amanhã. Renda? Ih, que papo de reaça.
Os progressistas cooptaram um monte de direitistas envergonhados nos últimos meses. São colunistas e jornalistas que acreditam ser responsáveis pela chegada de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto e agora tiram seus dias para escrever que se opor ao PT é o mesmo que pavimentar a estrada para o retorno triunfal do ex-presidente à Brasília. Como a imprensa tem o peso de uma bexiga para o eleitor médio, confesso sentir só pena dos bestalhões que acreditaram nessa lenga-lenga --o Superpop foi mais importante para o bolsonarismo do que os colunistas de política de "O Globo". O que não podemos desprezar é esse autoritarismo travestido de assepsia social.
Se a internet fosse perfeita, hoje não estaríamos estupefatos com a indicação de Felipe Neto para um grupo do governo federal. Ela é mesmo bagaceira. Acontece que a única forma de usá-la é assim, na tentativa e erro, deixando para a constituição o arcabouço legal. O Brasil tem pesos e contrapesos de sobra para dosar o que é liberdade de expressão e o que não é. Tudo o que não precisamos é de uma polícia do pensamento, que seria igualmente ruim se fosse encampada por Robertos Jefferson, Carlas Zambellis e Kins Pains da vida.