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Bolsonaro é a Aracy da cloroquina

Assim que Jair Bolsonaro convocou os repórteres de CNN, Record e TV Brasil para o "chá de revelação do vírus", acessei o Twitter para ler a comoção dos pauteiros oficiais da imprensa. Ao constatar que a maioria comemorava a contaminação do presidente, escrevi o seguinte: "Esse teste positivo do presidente vai servir pra vender a […]

Assim que Jair Bolsonaro convocou os repórteres de CNN, Record e TV Brasil para o "chá de revelação do vírus", acessei o Twitter para ler a comoção dos pauteiros oficiais da imprensa. Ao constatar que a maioria comemorava a contaminação do presidente, escrevi o seguinte:

"Esse teste positivo do presidente vai servir pra vender a cloroquina como medicamento e endossar a tese do 'é só gripezinha'. Vocês vão passar muita raiva".

A esta altura, já é fácil entender como age o departamento de comunicação do governo federal. O presidente jamais tornaria pública uma informação dessa importância sem ter a certeza de que poderia vencer a doença. Mais que a confiança da vitória, Bolsonaro carrega consigo a confiança em suas teses fundamentais, aquelas que causaram a demissão de Luiz Henrique Mandetta e impossibilitam a entrada de qualquer outro profissional razoável no Ministério da Saúde.

Contaminado, Bolsonaro já gravou seu primeiro merchan como garoto-propaganda da cloroquina.

Em breve, curado, Bolsonaro gravará outro vídeo, afirmando que o coronavírus é só uma gripezinha para a maioria da população e que está na hora de todos enfrentarem o dito cujo nas ruas.

Bolsonaro é presidente, mas também é a Aracy da Top Therm da hidroxicloroquina.