Assessoria de imprensa não é sinônimo de propaganda enganosa. O UOL feriu essa máxima em 2015, quando comparou a banda Mirandous, liderada por Caio Coppolla, debatedor do "Superpop" da CNN Brasil, ao Oasis.
"Esta é uma musica sobre escapismo… e não há forma melhor de escapar dos problemas da vida do que mergulhando fundo em si mesmo – todos temos um rico universo dentro de nós, que vem à tona por reflexões, sonhos e toda forma de expressão da mente", sugeriu Coppolla ao portal.
Não sei quantos livros de autoajuda Caio Coppolla leu para vomitar essas besteiras, mas o fato é que o esforço não valeu a pena. A letra de "Rock 'n' Roll Dreamer" é rasa como a de qualquer música do "Hit Parade Brasil", parada da sua ex-empregadora Jovem Pan. A diferença fundamental entre a bala de goma da rádio FM e o britpop do Itaim Bibi é a pretensão. MC Livinho e Anitta são o que são e usam a indústria para viralizar seus talentos. O Mirandous não existe. É algorítmico. Artificial. Pobre.
O tal "clipe psicodélico e sensual" é outra enganação. As modelos convidadas são muito bonitas, mas atrapalhadas por projeções de telas de descanso do Windows Media Player - aquelas da década de 2000, que a RedeTV! usava para vender coletâneas de discos nos intervalos do "Canal Aberto". As coreografias só são menos risíveis que a presença de cena dos músicos. O figurante do comercial da Skol Beats grudado no toca-discos é o cigano Igor do rock sem Viagra da nova era.
Terríveis também são os cacoetes do cantor Caio Coppolla. Não importa se a música é autoral ou emprestada do repertório de Michael Jackson: ele tenta, a todo custo, mimetizar Liam Gallagher no microfone. No karaokê da firma, até passa. Como produto, não faz frente ao B5.
O Mirandous nasceu para ser o Oasis verde e amarelo. É, na melhor das hipóteses, o Oasis com coronavírus. Com um Liam Gallagher acometido por uma gripezinha.
Cada país tem a alta cultura que merece.