A mulher mais foda do rock nacional

Rita Lee não está mais entre nós.

Azar o nosso.

Cantora, colunista, apresentadora, atriz, completa, a mulher de 3001 curtia provocar em verso e prosa. O primeiro volume de sua autobiografia, indispensável, transporta os leitores a cada momento de ousadia dessa artista ímpar, que entendia a própria existência de forma particular, evoluída, livre de ideologias e conceitos.

Livre.

Rita Lee vendeu discos pra caramba, mas nunca quis ser escrava do império que começou a construir ainda jovem, ao lado d´Os Mutantes. São múltiplas fases. Tem os discos com o Tutti Frutti, as composições com Roberto de Carvalho, um disco em homenagem aos Beatles e uma Babilônia com versos de Moacyr Franco --"Tudo Vira Bosta" traduz bem o espírito bem-humorado da nossa musa. O "Acústico MTV" dela, diga-se de passagem, é impecável e está inteirinho no YouTube.

Rita Lee também fez história na TV. Passou por todos os programas que você possa imaginar, com graça e desenvoltura. Melhor: deu vida a um programa só seu, o TV Lee Zão, que a velha MTV Brasil provavelmente não soube conservar. Na mesma MTV, escreveu uma coluna antenada sobre comportamento e música. Coisa fina, como tudo que ela fez.

Politicamente, Rita Lee era contra tudo e todos. Não admitia subir em palanques, tampouco pedir favores a políticos. Como formadora de opinião, atirava tomates, pedras e palavrões. Aqui, um legado que ela não passará adiante. Existe gente talentosa como Rita por aí. Corajosa, não.

Rita Lee viveu 75 anos. O Brasil vai encaretar uns 750 sem ela.