O Homem do Sapato Branco encontra a geração Z

O jornalismo morreu na internet e renasceu nas livrarias. O Google dificultou o acesso à informação apurada. Ele é como um filtro infinito… de água salgada. Ou um prêmio da Mega da Virada… pago com cédulas do banco imobiliário. Daqui pra frente, quem quiser se informar terá de gastar algumas dezenas de reais e ler algumas dezenas de páginas.

Mauricio Stycer escreveu dezenas de páginas sobre Jacinto Figueira Jr., um dos personagens mais controversos da TV brasileira. Vice-líder em audiência na Cultura e número um absoluto na Globo, “O Homem do Sapato Branco” era referência para uma televisão sem cores e pudores. Magia negra, bizarrices médicas, operações policiais. Tudo que pudesse gerar debates candentes ou imagens extraordinárias interessava à equipe de Jacinto.

A maior qualidade de “O Homem do Sapato Branco: a vida do inventor do mundo cão na televisão brasileira” é a correção sobre a incorreção. Mauricio relata as ousadias e vilanias de Jacinto sem apelar ao moralismo barato da cultura do cancelamento e sem resumir sua reportagem às impressões brutalmente elitistas dos colunistas que cobriam TV na época da ditadura militar. É triste, por exemplo, descobrir que alguns jornalistas dos anos de chumbo apoiaram a censura contra Jacinto.

Popular na telinha e populista na política, Jacinto Figueira Jr. morreu longe da TV, perdidamente doente e sem um centavo no bolso. Seria, em 1965, uma excelente pauta para "O Homem do Sapato Branco". Karma is a bitch.

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O livro de Mauricio está à venda no site da editora todavia.