A Folha de São Paulo abandonou o Facebook. Em reportagem publicada na última quinta-feira, 8 de fevereiro, o jornal explicou que o novo algoritmo da rede social, criado para aumentar a interação entre os usuários e diminuir a visibilidade das páginas de "jornalismo profissional", tornava inútil a operação.
"(O sistema) reforça a tendência do usuário a consumir cada vez mais conteúdo com o qual tem afinidade, favorecendo a criação de bolhas de opiniões e convicções, e a propagação das 'fake news'", argumentou.
O desabafo da Folha de São Paulo é muito comovente, mas nada convincente. Em troca de cliques e likes, as empresas de "jornalismo profissional" passaram quase dez anos à mercê de Mark Zuckerberg, ignorando a concorrência de páginas que pirateavam suas marcas e impulsionavam notícias falsas de todas as editoriais. Os editores e publishers sabiam com quem estavam lidando. A revolta dos últimos dias é uma mistura de oportunismo e vitimismo.
Quem acessa os principais portais do Brasil não encontra resquício algum do jornalismo praticado no passado. A apuração de números e fatos foi substituída pela fútil e efêmera fiscalização de redes sociais. A briga pelo controle da EBC, administradora da Agência Brasil, é reflexo desse cenário desolador. Em tempos de "Paolla Oliveira provoca polêmica com fantasia de Carnaval", as redações publicam qualquer número oficial sem pestanejar.
O jornalismo profissional perdeu visibilidade porque está em processo de extinção.