Revista Piauí acusa Marcius Melhem de censura judicial; Comediante nega

A revista Piauí acusou o humorista Marcius Melhem, acusado de assediar sexualmente oito mulheres, de praticar censura prévia contra uma reportagem que revelaria os desdobramentos de seu caso, revelado pela publicação em 2020.

"Desde o dia 12 de agosto, a piauí está proibida de publicar uma reportagem sobre os desdobramentos do caso Marcius Melhem, o humorista acusado de assediar sexualmente pelo menos oito mulheres, todas colegas de trabalho. No dia 5 de agosto, quinta-feira, entrei em contato com a assessora de imprensa Isabela Abdala, contratada por Melhem em dezembro do ano passado para lidar com as denúncias de assédio sexual. Contei as revelações que havia apurado e pedi uma entrevista com o humorista, ou seus advogados. Abdala pediu que as perguntas fossem enviadas por escrito. Mandei seis questões e dei um prazo de cinco dias para receber as respostas. No dia 10 de agosto, terça-feira, encerrado o prazo inicial, Abdala pediu mais tempo. 'Consegue nos dar um prazo até sexta de manhã ou pelo menos quinta no final do dia?' Sim, consegui um prazo até a manhã de sexta e mandei uma sétima pergunta para o humorista", explicou o repórter João Batista Jr.

"Enquanto negociava mais tempo para responder à piauí, Marcius Melhem, por meio de seus advogados, entrou na Justiça pedindo que a revista fosse submetida à censura prévia e, assim, impedida de publicar a reportagem em apuração. No dia 12, a juíza Tula Corrêa de Mello, da 20ª Vara Criminal da Justiça do Rio de Janeiro, acatou o pedido de Melhem e determinou “a suspensão, pelo tempo que durarem as investigações, da publicação de matéria na revista piauí ou seu respectivo site”. Em caso de descumprimento da medida judicial, a juíza estabeleceu multa de 500 mil reais, além do recolhimento dos exemplares da revista nas bancas e da remoção da reportagem do seu site. Também mandou investigar o vazamento. No direito criminal, a guarda de sigilo judicial cabe aos funcionários da Justiça e às partes envolvidas no processo, e não aos jornalistas", complementou.

No link a seguir, disponibilizado pela revista, é possível ler trechos da reportagem barrada judicialmente.

Instado a comentar o caso, Marcius Melhem escreveu no Twitter que a acusação de censura prévia é falsa.

"Mais uma vez João Batista Júnior usa de mentiras pra tentar comprovar sua tese de q sou um assediador. MENTIU na 1a matéria e MENTE de novo!", resumiu.

"Em NENHUM MOMENTO meus advogados pediram censura à revista. Pedimos mais tempo de resposta para consultar o q poderíamos dizer à revista. Sendo assim, comunicamos o vazamento à Juíza do caso (o que era nosso dever) e pedimos que ela instaurasse inquérito para apurar este vazamento. E pedimos que em nome da ampla defesa a Juíza permitisse que eu usasse mensagens trocadas com as supostas vítimas para me defender na opinião pública – já que hoje estou proibido de mostrar qualquer prova. No mais, que a Juíza tomasse as medidas que julgasse cabíveis. A Juíza tomou as medidas de preservação do sigilo que julgou necessárias e manteve nossa PROIBIÇÃO de divulgar mensagens e provas. Ou seja: sequer posso me defender publicamente!", justificou.