A RedeTV! demitiu Luís Ernesto Lacombe. Ninguém vai sentir falta. O "Opinião No Ar" tinha três debatedores e zero espectadores. Era um fracasso retumbante, incapaz de superar a Gazeta no ibope da Grande São Paulo. Havia ainda um programa de entrevistas, o "Agora com Lacombe", que estreou com o bizarro marketing do "quatro programas em um" --as mudanças eram meramente cenográficas--, e o "RedeTV! News", agora sob comando de Augusto Xavier, ótimo apresentador inexplicavelmente desprezado pela emissora.
Quando a Jovem Pan começou sua queima de estoque, logo após a vitória de Lula, muito se falou sobre uma guinada editorial na empresa. Isso caiu por terra no dia em que o Teleguiado repercutiu os substitutos de Augusto Nunes e Guilherme Fiuza. Tutinha estava cortando gastos e evitando multas, nada mais. O empresário tem fama de maluco, mas é muito inteligente. Ninguém sabe mais do que ele a improbabilidade de a Jovem Pan sobreviver com outra linha editorial. Seria uma jogada mais estúpida que a da Editora Abril, que em 2015 pretendia deixar de ser antipetista e viver às custas de uma versão estranha do "Huffington Post". A Panamericana pariu o filho e vai embalá-lo até o fim.
Em queda livre no ibope, a RedeTV! não tem laços definidos com o bolsonarismo. Nenhum programa tocado por Lacombe fez sucesso nesses dois anos. Estatisticamente, a pochete rosa neon deu mais certo que o neoconservadorismo na TV aberta. A missão bolsonarista da RedeTV! era tão fraquinha que até Marcelo de Carvalho, desafeto de Tutinha, era obrigado a compartilhar os vídeos da Jovem Pan para defender o governo federal.
A RedeTV!, para sobreviver, terá de voltar a fazer televisão. Boas peças existem lá dentro. Ronnie Von funcionaria bem em horário nobre. João Kléber sabe fazer muito com pouco. O "Operação de Risco" consegue milagres aos sábados. O próprio Sikêra Jr. pode recuperar o ibope de 2020. Basta querer. Impossível mesmo era fazer TV de resultados com Lacombe. Página virada.