Por que Eric Faria e Globo "torcem" para Sampaoli deixar o Flamengo?

O áudio em que o repórter Eric Faria desanca o trabalho de Jorge Sampaoli, treinador do Flamengo, diz muito sobre a índole de quem vaza áudios privados e a (natural) insatisfação da Globo com a temporada do clube carioca, que abriu a temporada como o grande favorito aos títulos do Brasileiro, da Libertadores e das Recopas.

Do ponto de vista futebolístico, Eric não disse nenhuma besteira. Ayrton Lucas perdeu mesmo rendimento nas mãos de Sampaoli. E as duas melhores atuações do Flamengo "com esse imbecil" foram mesmo nas partidas contra Botafogo e Grêmio. Ainda que ele seja repórter, tem todo o direito a opinar e reclamar da leitura tática do treinador do time que ele cobre. Sobretudo em um áudio privado. A perseguição à "falta de ética" de Eric, pregada aqui e acolá no Twitter, é estúpida e espúria. Quem não tem ética é o expositor do áudio. Se os pensamentos e textos íntimos de todos virassem propriedade pública, todo mundo estaria na cadeia.

Há, evidentemente, uma questão laboral por trás da revolta do Jardim Botânico. O esporte mexe com dezenas de milhões de espectadores e centenas de milhões de reais. Para a turma do esporte da Globo, um Flamengo fraco, desinteressante, caindo pelas tabelas, é muito ruim. Domingo à tarde, com a partida de ida da decisão da Copa do Brasil, a emissora deu "apenas" 27 pontos de média e 30 de pico, flertando com os 50% de share na Cidade Maravilhosa. A expectativa era muito maior. Dias antes, na chapuletada do Athletico sobre o Rubro-Negro, o placar da Kantar apontou 29 de média e 33 de pico em plena noite.

A raiva da Globo vai aumentar semana que vem, com a semifinal da Libertadores. Em vez do sonhado Fla x Flu, a rede recebeu Internacional x Fluminense, jogo que pode significar o relançamento de "A Fazenda", reality da Record, na Grande São Paulo. É o sonho da Globo indo pra roça.