O Estadão Conteúdo foi acusado de plagiar 47 reportagens do Grande Prêmio, parceiro deste Teleguiado. Plágio na internet é como erro de estratégia da Ferrari: acontece mais vezes do que deveria. O estarrecedor é o envolvimento do Grupo Estado nessa história. Em geral, somente sites amadores e liderados por oportunistas adotam o ctrl+c/v como método de trabalho. Ninguém espera isso de um veículo tradicional.
A internet implodiu o jornalismo. O Adsense é muito menos lucrativo do que a publicidade direta e a digitalização do conteúdo abriu a porteira para a pirataria. O que os veículos economizam em papel e tinta nem sempre compensa os gastos com SEO, TI e armazenagem. A consequência disso é o sucateamento das redações. As assessorias de imprensa têm muito menos trabalho para emplacar pautas hoje do que tinham dez anos atrás. A cobrança por velocidade é tão grande que qualquer coisa acaba valendo. Copiar conteúdo alheio, inclusive.
O Teleguiado é bem menor que o Grande Prêmio, mas também é vítima dos maus colegas. Números de audiência, análises, artigos opinativos... só as postagens do Disk MTV escapam da xerocaria. No caso do Teleguiado, felizmente, o único prejudicado sou eu. Por mais difícil que seja manter um site desse tamanho sem ajuda, prefiro encarar a realidade e assumir a sina de banda de um homem só. A revolta seria muito maior se o ctrl+c/v colocasse em xeque o salário de alguém. É um consolo que o Grande Prêmio não tem. Daí a insatisfação de Victor Martins, diretor-executivo do site.
A profissionalização do jornalismo não pode ser colocada em dúvida por nós, profissionais do jornalismo. É dever do Grupo Estado ressarcir o Grande Prêmio e estabelecer novos crivos para que isso nunca mais se repita.
Jornalismo de qualidade exige recursos. E modos.