Imprensa

Mbappé e a editoria "manja rola"

O UOL, maior portal do país, publicou horas atrás uma notícia sobre o pinto do Mbappé, craque do PSG. Pior. Uma notícia sobre a dimensão do órgão genital do francês. A imprensa brasileira está cheia de "reportagens" sobre malas e volumes. É questão de tempo para as escolas de jornalismo substituírem as disciplinas de fotojornalismo […]

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O UOL, maior portal do país, publicou horas atrás uma notícia sobre o pinto do Mbappé, craque do PSG. Pior. Uma notícia sobre a dimensão do órgão genital do francês.

A imprensa brasileira está cheia de "reportagens" sobre malas e volumes. É questão de tempo para as escolas de jornalismo substituírem as disciplinas de fotojornalismo e redação por "a anatomia da jeba" e "a metragem da piroca moderna". Não deixa de ser engraçado: na era da desinformação e das fakes news, nossas redações estão substituindo repórteres investigativos por fitas métricas e bengas.

Na década de 1990, quando o jornalismo impresso era igual ou maior que a trozoba do Mbappé, jornais e revistas diziam que o ibope em tempo real tornaria a televisão aberta um celeiro de sexo e apelação. Como sabemos, isso nunca aconteceu. Os domingos, hoje, são mais tristes que as contas do Corinthians. E o horário nobre está cheio de formatos um tanto comportados. Quem aderiu ao tudo pela audiência foi o jornalismo digital, que nunca conseguiu desenvolver um modelo de financiamento semelhante ao da Netflix e é incapaz de vender anúncios sem intermediários.

A editoria manja rola veio pra ficar. O jornalismo de verdade? Bem, esse ficou eunuco.