O júri do condado de Fairfax concluiu que Amber Hard cometeu um crime ao chamar Johnny Depp, seu ex-marido, de "abusador sexual". Pela difamação, a atriz desembolsará US$ 15 milhões. Na prática, seu prejuízo é ligeiramente menor, já que ela receberá US$ 2 milhões de outro processo.
O jornalismo militante, que só se preocupa em lacrar, não em criar direitos acessíveis a quem de fato é perseguido ou marginalizado, abraçou a causa de Amber Heard cegamente. Bastou o julgamento começar —e a realidade apresentar a fatura— para pulularem artigos em sites e reportagens de TV denunciando a misoginia endêmica da sociedade e do sistema judicial americano. "Homens inocentes? Que acinte!". E nem adianta lembrar que os sete jurados atendiam todos os preceitos de diversidade e idoneidade. Para a casta progressista, quem pensa diferente merece a senzala.
A triste verdade é que o jornalismo profissional sofre do mesmo mal da militância política: a devoção por narrativas. São muitos repórteres e editores dispostos a vender uma visão idealizada e, portanto, enviesada de mundo, e poucos interessados em filtrar e registrar o que está na cara de todo mundo. O preço para a sociedade, asseguro, é bem maior que os US$ 15 milhões cobrados de Amber Heard.