Folha quer que articulista escreva de graça
A Folha de S. Paulo está atrevida: além de cobrar para que leiam as reportagens e aquelas colunas que dão azia em sal de fruta, ela acha de bom tom contratar autores a troco de nada. Não é brincadeira.
Circulou pelo Twitter uma postagem do meu querido amigo Marco Aurélio, um dos melhores roteiristas que a TV tem à disposição. Ele recebeu um convite para escrever de 4 a 6 mil toques --aqui não cabe aquele truque do número de linhas, tão vitorioso no Ensino Médio-- sobre o tema que lhe aprouvesse. O preço: zero.
É vergonhoso que um jornal do tamanho da Folha sucateie o trabalho alheio assim. Não estamos falando da Anistia Internacional ou do Greenpeace. É um diário ligado ao UOL, que ganha rios de dinheiro com operações de cartão de crédito. Até o Teleguiado, vejam só, paga pelas críticas externas que encomenda --e raramente aceita postar sugestões de amigos. Quem vive de permuta, e são poucos que aceitam isso, é influenciador. Jornalistas, roteiristas e afins merecem ser devidamente remunerados quando convidados a escrever. Oferecer trabalho em troca de exposição é ridículo. "Ah, tem quem aceite". Está aí uma máxima que nunca anda de mãos dadas com boas coisas.
Existem assessorias de imprensa muito boas que diariamente ofertam artigos revisados e ilustrados sobre diversos assuntos sem cobrar pelo conteúdo. Fica a dica para o pessoal do jornalismo de qualidade exige recursos.
P.S.: Claro que a culpa não é da redação do jornal. Ela é vítima.