A ascensão meteórica do mendigo pegador é produto do machismo estrutural da nossa sociedade. Não sou eu quem pensa isso. É a imprensa. A mesma imprensa que repercutiu cada peido do garanhão das redes sociais. Por duas semanas, a “mão no carinho” prevaleceu sobre todas as outras notícias. Perguntaram até o voto dele em 2018.
Articulistas devem escrever sobre o que bem entenderem. É uma idiotice do tamanho de Osasco associar o machismo estrutural à fama do rapaz, mas não é crime parecer idiota. O problema é o cinismo da imprensa. Enquanto rendia cliques, o mendigo era um personagem popular, divertido, descontraído e tudo o mais. Ninguém se importava com a mulher envolvida na história. Só agora, com o Google Trends apontando para outra direção, ela recebe atenção.
Eu fico envergonhado quando vejo a história do sorvete na imprensa mainstream. E a do mendigo. E a do bar que veta criança. Tudo polêmica baixa. Tudo problema de rico que não lava um banheiro.
Jornalista é formado para apurar, filtrar e comunicar, não para repercutir rede social.