Suspense sólido, "Buscando..." confirma tendência asiática do mercado

“Tudo o que assistimos sobre tecnologia trata de como as telas estão nos alienando, de como estamos obcecados por curtidas, como a inteligência artificial vai dominar o mundo e como deveríamos estocar latas de comida agora mesmo,” disse o diretor Aneesh Chaganty em entrevista. Seu primeiro longa-metragem, “Buscando…”, faz a rota inversa de distopias como “Black Mirror” e retrata a tecnologia como aliada.

John Cho (o Sulu da versão mais recente de “Star Trek”) interpreta David Kim, um pai que procura por pistas do paradeiro de sua filha desaparecida. O filme inteiro transcorre em diferentes telas, o computador do pai, o da filha, conversas pela câmera do celular, transmissões de notícias pela internet etc.. Toda a história da família Kim é contada por meio de fotos e vídeos caseiros publicados nas redes sociais – que é onde as investigações também vão ocorrer.

Interpretada pela atriz Michelle La, Margot é uma adolescente estudiosa e introspectiva, que ainda não superou a morte da mãe. Ela utiliza suas contas nas redes sociais de forma terapêutica, compartilhando fotos e desabafos que não conseguiria dividir com o pai na vida real. É pelo seu rastro virtual que David irá descobrir o que aconteceu com a filha e também conhecê-la melhor. A detetive Vick (Debra Messing, de “Will & Grace”, em raro papel dramático) irá ajudá-lo na busca.

Com um orçamento modesto e apenas treze dias de filmagem, “Buscando…” passou dos US$ 46 milhões na bilheteria mundial, um ótimo resultado para um suspense sem grandes estrelas e de um diretor novato. Da mesma produtora de “Amizade Desfeita”, que também se passa pela tela de um computador, “Buscando…” fez parte de um “agosto asiático" nos Estados Unidos, isto é, uma sequência de bons filmes com protagonistas orientais, como o fenomenal “Podres de Rico” (estreia em novembro no Brasil) e "Para Todos os Garotos Que Eu Já Amei” (Netflix).

Até pouquíssimo tempo, atores asiáticos tinham dificuldades para conseguir papéis que não fossem de amigos do personagem principal ou de médicos. Filmes como “Buscando…” ajudam a abrir caminho para novos talentos e atendem um público ignorado há muito tempo pelo cinema – um público gigantesco quando levamos em consideração não apenas o mercado americano, mas o de toda a Ásia. Diversidade, afinal, não é só uma demanda politicamente correta, mas uma boa decisão de negócios.