"Podres de Ricos" desafia preconceitos do mercado
Apesar da distribuição tímida no Brasil, críticos internacionais consideraram “Podres de Ricos” como o “Pantera Negra” oriental. A comédia romântica dirigida por Jon M. Chu é o primeiro grande filme de Hollywood, em vinte e cinco anos, com elenco e diretor asiáticos. 2018 foi um ano importante para espectadores mais diversos, que não se viam representados nas telas dos cinemas, mas representatividade não é o verdadeiro trunfo de “Podres de Ricos”.
Baseado no best-seller de Kevin Kwan, o filme acompanha a viagem de Rachel (Constance Wu) a Singapura para, finalmente, conhecer a família do namorado Nick (Henry Golding), herdeiro de um império imobiliário que, até então, Rachel desconhecia. Nascida nos Estados Unidos, ela é filha de chineses humildes e, ao chegar, se depara com a rejeição da mãe de Nick, Eleanor (Michelle Yeoh), além do fuxico da alta sociedade asiática.
Com cenários e figurinos luxuosos, “Podres de Ricos” é uma festa suntuosa que enche os olhos e aquece o coração. O público não deve assisti-lo só porque é importante dar visibilidade a outras culturas, mas porque o filme é bom e divertido – para todos. Sem reinventar a roda, “Podres de Ricos” garantiu a décima primeira maior bilheteria do ano, logo atrás de sucessos comerciais como “Venom" e “Um Lugar Silencioso”, por apresentar protagonistas asiáticos de forma interessante e envolvente.
Além de “Podres de Ricos”, obras como “Buscando…” e “Para Todos os Garotos Que Já Amei”, um dos mais recentes fenômenos da Netflix, também atestam a boa receptividade do público aos filmes bem feitos com personagens diversos. Depois do sucesso, Henry Golding já foi escalado para estrelar uma comédia romântica ao lado de Emilia Clarke. A atriz e rapper Awkwafina, também de “Podres de Ricos”, se tornou a primeira mulher asiática, em dezoito anos, a apresentar o programa "Saturday Night Live".
Em um ano em que a bilheteria foi dominada por um filme de um diretor negro, e com um elenco majoritariamente negro, “Podres de Ricos” confirma que tratar minorias apenas como um mercado de nicho se tornou coisa do passado.