"Operação Overlord" é entretenimento barato de qualidade
Em 2007, Quentin Tarantino e Robert Rodriguez se juntaram para lançar “Grindhouse”, um tributo aos filmes de baixo orçamento, sempre com muito sexo e muita violência, exibidos em cinemas baratos dos anos 1970. Concebido como um programa duplo, “Grindhouse" era composto por “Planeta Terror” (Rodriguez), um filme de zumbis em que Rose McGowan interpreta uma stripper perneta, e “À Prova de Morte” (Tarantino), em que Kurt Russell mata as suas vítimas usando o próprio carro. A proposta era resgatar um cinema que abusava de esquisitices chocantes, mas sempre com o intuito de entreter.
Na época do lançamento, não houve um grande alarde com relação ao “Grindhouse" e o gênero ficou sem a sua grande ressurreição. “Operação Overlord”, porém, se encaixaria perfeitamente no movimento. Com produção de J.J. Abrams e direção de Julius Avery, “Overlord" se passa durante a Segunda Guerra Mundial, pouco antes do Dia D. Para que a vitória ocorra, um batalhão americano (ou o que resta dele) precisa explodir uma torre de uma cidade francesa sob domínio dos nazistas, mas logo se depara com algo muito mais nefasto do que os soldados de Hitler.
“Overlord" não é baseado em fatos reais e não deve ser colocado na mesma categoria da celebrada obra do diretor Christopher Nolan, "Dunkirk". Nada deve ser encarado sob um ponto de vista histórico ou realista. É mais ou menos como o programa “Whose Line Is It Anyway?”, ou seja, as regras são inventadas e a pontuação não importa. É para se divertir com explosões, criaturas bizarras e uma moça francesa utilizando um lança-chamas.
Com uma versão mais moderna e bem feita do “Grindhouse" proposto por Tarantino e Rodriguez, “Overlord" tem um excelente plano-sequência, bem no clímax do filme. Mesmo quando adota um tom mais bobo, nunca chega ao ridículo, por exemplo, do norueguês “Dead Snow”, um terror pastelão com nazistas zumbis. Se a sua praia, porém, é mesmo o solene “Dunkirk” e esse tipo de entretenimento folhetinesco não lhe agrada, não vá ver. Para quem se diverte com nazistas mortos, contudo, é um prato cheio.