Diego Bargas questionou, em reportagem publicada na Folha de São Paulo desta sexta-feira, se a comédia brasileira "Como Se Tornar O Pior Aluno Da Escola" tem o direito de fazer piada com bullying e pedofilia para espichar "a discussão incessante sobre os limites do humor".
É muito bonita a fase puritana da turma da Barão de Limeira, mas alguns pontos merecem ser ressaltados. Bullying não é invenção de comediante. Todos que passaram por uma escola receberam e criaram apelidos. A diferença entre brincadeira e abuso é ululante, como a diferença entre pedófilos reais e pedófilos da ficção. Mandar e-mail para a assessoria de Fabio Porchat, o taradão da história, cobrando explicações sobre a conduta de seu personagem é atitude de gente ignorante - ou mal-intencionada.
O texto, repleto de clichês da geração millennial, busca, o tempo todo, fabricar polêmicas. Além da cena de Fabio Porchat (talvez o melhor ator do filme, registre-se), a passagem em que Danilo cria apelidos para gordo é chamada de "controversa". Quando piadas ginasiais são consideras polêmicas, é natural que a turma do jardim de infância mantenha acesa "a discussão incessante sobre os limites do humor".
A Folha tem um repórter que não sabe o que é comédia. É a melhor piada que a grande imprensa poderia contar.