Bruna Surfistinha não é o problema da Ancine
Jair Bolsonaro tem apelado à moral tupiniquim para justificar a mudança de direção da Ancine. A ordem é: mais valores cristãos, menos filmes sobre Bruna Surfistinha. Ou, como assinalou Josias Teófilo, queridinho de Olavo de Carvalho, mais filmes evangélicos, menos alta cultura.
O discurso presidencial renderia um ótimo debate com Léo Áquila no "Superpop", mas subverte a lógica. O financiamento público de filmes é, antes do alçapão ideológico, um problema econômico de simples compreensão.
Um país onde metade da população é obrigada a cagar em latas de feijão não pode, nem pelas mãos do melhor roteirista, esnobar R$ 300 mil em tributos para um cineasta contar uma história que, na melhor das hipóteses, reunirá 10 mil testemunhas no cinema.
Nem mulheres peladas, nem reacionários peludos. O Brasil tem outras prioridades.