Rolando Boldrin e a cultura caipira na TV
É difícil batizar um programa de TV. Os nomes comuns estão todos em uso -- Domingo Legal, Fantástico, Esporte Total. Os nomes que não são comuns ficam no fio da navalha. Ou são muito pretensiosos ou são muito preguiçosos.
Quando assisti "Sr. Brasil" pela primeira vez, em 2005, fiquei impressionado com a empáfia da Cultura, sua exibidora. Uma coisa é falar de um Brasil genérico, como fazia o "Brasil Legal", de Regina Casé, ou o "No Coração do Brasil", de Datena. Outra, bem diferente, é discutir ontologicamente as raízes e os significados do Brasil em uma emissora pública com viés educativo. Na minha enorme cabeça, aquilo era atrevimento de acadêmico burocrata. Bastaram dois "causos" de Rolando Boldrin para a implicância virar fumaça. Se existia alguém digno do nome "Sr. Brasil", esse alguém era ele.
Orgulhosamente caipira, Rolando Boldrin uniu por décadas dois Brasis que pareciam desconexos: o urbano e o rural. Era gostoso assistir ao "Sr. Brasil" e descobrir folclores, histórias e músicas de diferentes épocas e regiões. A dobradinha "Viola, Minha Viola" + "Sr. Brasil" ficará para sempre na história da TV brasileira. Inezita Barroso e Rolando Boldrin ficarão para sempre na história da cultura brasileira.