João Kléber reverencia o melhor da TV popular
16 de julho de 2001. Com pouco mais de 20 meses no ar, um programa da RedeTV! alcança 13 pontos de audiência e supera o telejornal que carrega o nome da maior emissora do Brasil - e da América Latina - por onze minutos. Impedido de anunciar o resultado ao vivo, o responsável pela façanha começa a dublar "We Are The Champions". Recibo passado com sucesso.
João Kléber tem uma carreira errática, mas interessantíssima. Quando era mais humorista e menos animador de palco, compôs as equipes de Jô Soares, Chico Anysio e "Fantástico". Anos depois, orientado por Chacrinha, aprendeu a dialogar com a plateia, conservando um estilo repentinamente ignorado pelos apresentadores atuais. Conduziu até um talk show, na CNT.
Só quem faz sucesso atravessa tantos fases. E o sucesso de João Kléber nada tem a ver com a veracidade dos testes de fidelidade, a qualidade dos segredos revelados no "Você Na TV" ou dos trocadilhos empregados no "Te Peguei na TV". A graça está na condução dessas atrações.
João interroga, exclama, narra, representa, dança, surta, tuíta e tira sarro dos adversários como se estivesse na sala dos milhões de telespectadores que seguem suas atrações diariamente. Pode não pegar ônibus ou ir ao estádio de futebol, mas ainda sabe como a galhofa e a fofoca permeiam o cotidiano do público, seja ele da classe A ou E.
As competições musicais importadas, versões caprichadas dos duelos de calouros que Raul Gil cansou de apresentar em 1999, e as incontáveis versões de "Pimp My Ride" e "Extreme Makeover" afastaram o que havia de mais genuíno e divertido em nossas redes abertas de televisão.
Os personagens bizarros, a sonoplastia marota, as situações pitorescas e os segredos esdrúxulos empunhados por João Kléber não são exemplos de renovação, mas agentes que ajudam a preservar a memória dos tempos do bacalhau. A época em que o Brasil não disfarçava vícios e forjava virtudes.
Antes da criação da "Super Faixa do Esporte", a RedeTV! estudou exibir uma versão do "Cassino do Chacrinha". O eterno campeão João Kléber merecia um prêmio assim.