Histeria sexual e texto de Telecurso destruíram "Liberdade, Liberdade"

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Anunciada como a novela da "conjuração mineira", período relevante do Brasil pré-independência, "Liberdade, Liberdade" morreu enforcada nas causas sociais que só fazem sentido na cabeça dos cicerones do Facebook.

Todo o trabalho de pesquisa e as referências de "Joaquina, Filha do Tiradentes", inspiração do folhetim, foram esquecidos pelo escritor Mário Teixeira, que preferiu priorizar cenas de violência - mambembes - e um romance homossexual frio, daqueles de romance de banca de jornal.

A alardeada cena de sexo entre André (Caio Blat) e Tolentino (Ricardo Pereira) foi um fiasco em todos os sentidos. Os atores pareciam mais incomodados com a situação do que os milhões de conservadores inventados pelos doutores de sempre para justificar o fracasso de suas teorias. A edição, sofrível, lembrou os testes de fidelidade entre homens, exibidos por João Kléber em 2004.

O texto desgraçou o desempenho dos intérpretes nas cenas "fortes" - ou paramos de elogiar qualquer tapa na cara e beijo na boca ou nunca vamos nos livrar dos folhetins água com açúcar - e nas passagens históricas da trama. As tramoias políticas ficaram perdidas no linguajar de Telecurso empregado pelo autor. Difícil esperar algo de personagens que parecem treinados para falar "é hora da revisão" no fim dos blocos.

Não é pecado empregar sexo e violência nas novelas. Os grandes dramas americanos são recheados de cenas fortes e temas pontiagudos. A diferença é que os roteiros de lá não são amarrados a partir das causas de seus idealizadores. Tudo passa pela narrativa.

O problema do Brasil, dentro e fora da TV, é a narrativa.