Ministério Público atenta contra a liberdade ao exigir atores negros em "Segundo Sol"

O Ministério Público do Trabalho encaminhou nesta sexta-feira uma notificação para a TV Globo mudar o roteiro e o elenco de "Segundo Sol" a fim de "assegurar a participação de atores e atrizes negros e negras" e, assim, "respeitar a diversidade étnico-social brasileira".

Segundo a revista Veja, ou o que sobrou da revista Veja, a ofensiva intermediada pela Coordenadoria Nacional de Promoção de - pausa para recuperar o fôlego - Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho - ufa! - nasceu da indignação das redes sociais com o reduzido número de artistas negros na novela.

Qualquer pessoa razoavelmente instruída sabe a diferença entre sociedade e Facebook. Com três contas falsas e a mãozinha de um repórter vagabundo, toda sandice ganha selo de autenticidade e chancela de "opinião pública" na cadavérica imprensa mainstream. É compreensível a imprensa cair na balela da moçadinha descolada de Higienópolis. Não é aceitável - muito menos perdoável - um órgão ligado ao Ministério Público colocar o pé na mesma armadilha.

Os brasileiros de verdade, que pegam ônibus lotado e pedem para o Carrefour cobrir a oferta de coxão mole do Extra, não assistem televisão para contabilizar quantos negros, gays ou japoneses aparecem no "Jornal Nacional" ou no "Fala Que Eu Te Escuto". Na verdade, quem discrimina minorias e incentiva a criação de tribunais raciais, na esperança de criar séquitos ideológicos, sequer assiste televisão. Sequer mantém contato com a sociedade.

Das cinco maiores redes de TV do país, a Globo é, disparada, a que mais investe na discussão de preconceitos raciais ou sexuais. Das cinco maiores redes de TV do país, a Globo também é, disparada, a que produz as melhores novelas. Se alguém lá dentro entende que determinada produção deve ter 75 atores brancos e 5 atores negros, é porque naquele momento existiam 75 atores brancos e 5 atores negros capazes de interpretar aqueles papéis. Nada demais. Ou melhor: nada que justifique canetadas de pretensos justiceiros sociais.

A Globo recebeu dez dias de prazo para ajustar o elenco de "Segundo Sol". Ao Ministério Público do Trabalho cabe o direito de aceitar ou não as mudanças e levar ou não o caso para a Justiça. Em nome da diversidade "étnico-social", deixamos de lado a diversidade de ideias. Deixamos de lado o direito de fazer escolhas. Deixamos de lado a autonomia.

Hoje a vítima é a Globo. E amanhã?