Por que Silvio Santos incomoda a bolha dos perfeitinhos

A imprensa está entusiasmada com a manifestação de Silvio Santos em defesa dos transexuais. A Veja, por exemplo, disse que o apresentador deu “aula” em rede nacional, como se o comportamento do dono do SBT fosse anormal — não é.

Silvio Santos divide os domingos com a comunidade LGBT há décadas. Ele e Bolinha, comunicador das antigas que fez história na Band, ajudaram a diminuir a marginalização dos transexuais e travestis numa época em que os lacres eram usados para fechar sacolas, não diálogos.

A bolha millennial das redações nunca teve o menor interesse em saber o que a TV produziu de bom -- ou ruim -- nas décadas de 1970, 1980 ou 1990. O único intento dessa gente é rotular pessoas. Os jornalistas do futuro não querem retratar a história. Querem reescrevê-la, com erros de português e tudo o mais.

Silvio Santos não precisa da aprovação dessa gente. Nem nunca vai precisar. E é isso que incomoda a bolha dos perfeitinhos. Por mais que eles tentem dividir o mundo entre bons e maus, o espectador é soberano e suficientemente esperto para saber quem tenta manipulá-lo. Sorte da comunidade LGBT, que morreria de fome e sede se dependesse exclusivamente do trato e do poder de comunicação dos lacradores.

A polarização já não se restringe mais aos campos ideológicos. Agora, o mundo é dividido entre os normais e os bitolados.