Eles não tiram o chapéu para a ditadura
Barbara Gancia esteve no ato do Largo São Francisco, em São Paulo.
"Pouquíssima gente, média de idade, a minha. Pouquíssimos jovens, os mesmos intelectuais de ideias mofadas de sempre e zero vibração. Se uma causa dessa gravidade não empolga a esta altura é porque a democracia sangra e Bozo periga ganhar".
Não sou pessimista assim. Bolsonaro está vivo nas pesquisas, mas perde para Lula em todas as simulações sérias de segundo turno. E a democracia não está sangrando. Ela segue com a mesma impopularidade de outrora.
A democracia é ridicularizada pelos brasileiros por duas boas razões: a primeira, mais importante, é nosso sistema político. Piores que os intelectuais de ideias mofadas são os políticos de ideias mofadas. Fernando Haddad acha que o Brasil era melhor antes da privatização da telefonia. Qualquer besta com pulseira do Novo acha que o segredo do sucesso é entregar tudo cegamente à iniciativa privada brasileira, aquela que é viciada em benesses nada liberais. A segunda, mais complexa, diz respeito ao valor agregado da democracia. Por que gente alijada da economia, do saneamento básico e da educação escreveria cartinhas em defesa da urna eletrônica ou do estado de direito? É muito mais útil escrever cartazes para Luciano Huck ou Eliana pedindo arroz e feijão.
Os brasileiros não dão bola para a democracia porque a democracia nunca deu bola para eles. Outsiders, como Jair Bolsonaro, enxergaram isso e se mandaram para Brasília, com a complacência de um Congresso cheio de (más) intenções.