Campanha de Sergio Moro parece uma temporada de "Fargo"

Sergio Moro tem 8% das intenções de voto, segundo o IPESPE. É surpreendente que não tenha 0,8%. Afastado das camadas mais populares do eleitorado, o ex-juiz e ex-ministro deu ouvidos aos palermas que coordenam sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto e gravou um videozinho revelador: "Marvel ou DC?". Imaginei a repercussão desse anúncio bombástico na fila da coleta de ossos do açougue Boi Gostoso, em Vassouras, interior do Rio de Janeiro. O marreco certamente ganhou muitos votos com essa estratégia.

O Teleguiado é especialista em um ibope mais arredio e revelador que o eleitoral: o da TV. Sergio Moro, em 2018, catapultou o "Roda Viva", da TV Cultura, à melhor condição de audiência em 24 anos. Refletia-se ali o fascínio pelo pai da Lava Jato, pelo homem que não admitia políticos corruptos assaltando os cofres públicos. Não o desdém pelo homem público que admitiu emprestar credibilidade a um homenzinho pequeno, de moral fanha. O superstar dos tribunais morreu.

Não existe imagem irrecuperável na política brasileira, mas é impossível crescer nas pesquisas dialogando com o público errado. Sergio Moro não tem que conversar com a camada geek, tampouco com os mais ricos. Tem que conversar com a população carente, que enfrenta a inflação e o desemprego, vilões bem mais aborrecidos que Coringa e Thanos. Lula e Bolsonaro falam sobre qualquer besteira na internet porque estão consolidados nas classes de menor poder aquisitivo. É hora de ir ao Faustão, não ao lançamento de "The Batman".