A morte de Olavo de Carvalho e o que o "Pânico" se tornou
Curiosa a reação do "Pânico" à morte de Olavo de Carvalho. Durante o depoimento de Alba Expider, ótimo imitador do programa, alguns integrantes da bancada resolveram criticar os twitteiros que desrespeitaram a imagem do escritor. Ele estava morto, afinal.
Desconfio que Olavo de Carvalho mandaria todos para aquele lugar se ouvisse aquilo. Este Teleguiado se lembra com riqueza de detalhes do clássico "Olavo de Carvalho oferece sutiã para Reinaldo Azevedo". Desconheço prova maior do estilo cáustico do escritor. Memes com o Penadinho não o ultrajariam. Tampouco as ironias com aqueles tweets dele sobre a covid-19.
Mais interessante e que a provável posição de Olavo sobre as piadocas é o passado do "Pânico" em si. Ora, estamos falando do programa que deixou a RedeTV! na vice-liderança da audiência com o Impostor invadindo o velório de Amy Winehouse. Se isso não é mais "pesado" que meia dúzia de memes e duas dúzias de twitteiros irritados, não sei o que pode ser. Talvez por isso Emílio Surita, gato escaldado, tenha evitado ponderações sobre os afegãos médios que preferiram se vingar de Olavo no dia de sua morte.
O "Pânico" fez o melhor programa humorístico de TV dos anos 2000 mandando a etiqueta às favas. A desconstrução do mundinho das celebridades e o toque de suas matérias, algumas inesquecíveis -- a inauguração da primeira enchente do túnel de Marta Suplicy, em 2004, por exemplo --, era a iconoclastia. Seu futuro pode ser modificado. Seu passado, não.