PT não aprende com a derrota e mergulha na fantasia

Antes de Fernando Haddad comentar o resultado da eleição deste domingo, o host da coligação "O Brasil Feliz de Novo" pediu a todos "um minuto de silêncio pela democracia do Brasil". O aguardado momento de autocrítica - quem perde, perde por algum motivo, certo? - e depuração do maior grupo de esquerda do país era, outra vez, adiado. A série "nós contra eles", esvaziada pelas urnas, acabara de ganhar outra temporada. A contragosto da lógica. À revelia da realidade.

Fernando Haddad não perdeu a eleição para Luciana Gimenez e Marcelo Tas. Perdeu a eleição para Lula e Gleisi Hoffmann. A narrativa perdulária, psicótica e aloprada do partido que nasceu no chão de fábrica e morreu no chão da universidade engoliu qualquer chance de reagrupamento das forças progressistas e liberais. Instado a escolher entre o diálogo com os eleitores e o prosseguimento desse show de virtuosismo e vitimismo da elite intelectual, o PT ficou com a coluna dois. Os dez milhões de votos a menos desta eleição são só a primeira parcela dessa fatura.

Em 2016, o PT saiu do radar do poder. Em 2019, se não mudar de atitude, sairá do radar da oposição.