Tina Turner eterna

É triste saber que milhões de jovens descobriram a potência vocal, a simpatia e o talento de Tina Turner somente hoje, depois da notícia da sua morte. Canções como “The Best” e “We Don’t Need Another Hero” são gloriosas demais para ficarem soterradas no cataclismo algorítmico dos Spotifys da vida.

O que se fala neste Teleguiado sobre a ausência de filtros e tutores no jornalismo digital, cada vez mais afoito, histérico e submisso às redes sociais, é facilmente aplicável na música. A MTV e as rádios FMs eram máquinas da indústria fonográfica, é claro, mas tinham locutores e VJs dispostos a apresentar os sucessos do passado com vigor e autoridade. Fabio Massari, Kid Vinil e outros gênios pop ensinaram muita gente nascida na década de 90 a curtir New Order, por exemplo. Quem fará isso pelas novas gerações? Falta memória e referência no YouTube e nas plataformas de música.

Não é justo que os mais novos dependam de notícias infelizes, como essa da Tina, e de roteiristas bem-intencionados, como os de “The Last Of Us” e “Stranger Things” para descobrirem Depeche Mode, Metallica e Kate Bush.