Governos estaduais compraram enredos de 3 escolas de samba do RJ em 1998

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A Folha de São Paulo já foi um jornal espetacular, de encher os olhos. No Carnaval de 1998, o caderno Cotidiano revelou que 3 das 14 escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro venderam seus enredos para governos estaduais.

Para mostrar o folclore do Pará, a Beija Flor recebeu R$ 300 mil da Federação das Indústrias daquele estado. A verba, equivalente a um prêmio da Tele Sena naquela época, só esquentou o tamborim de Nilópolis depois que o governador Almir Gabriel entrou no circuito.

Em troca da divulgação do boi-bumbá, a Secretaria de Turismo de Amazonas convenceu os empresários locais a investir R$ 900 mil no desfile da Salgueiro.

O governo de Tocantins, estado criado em 1988, fez pior. Investiu dinheiro público para convencer a Grande Rio a homenagear Luiz Carlos Prestes - o líder comunista havia, na década de 20, passado pela região.

Das três escolas, apenas a Beija Flor participou do desfile das campeãs. A Grande Rio ficou em 8º lugar, com 255,5 pontos, logo atrás do Salgueiro, que marcou 261,5 pontos.

A história prova: a politização não começou com a Paraíso do Tuiuti.