"João Doria: O Poder da Transformação" é ficção de primeira

João Doria foi ao programa de Raul Gil ontem à tarde. Tirou o chapéu para Fernando Henrique Cardoso, que faz por merecer essas homenagens meio caídas, e fez duras críticas a Nicolás Maduro, Hugo Chávez e Pablo Escobar.

"Alguém que cultiva uma droga, refina uma droga e vende uma droga não merece respeito. A droga mata!".

Que homem bravo e corajoso, não?

Com selo da editora Matrix, a biografia "João Doria: O Poder da Transformação" é uma espécie de "Programa Raul Gil" do multiverso. Em vez de perguntar a João para quem ele não tira o chapéu, seu autor, o jornalista Thales Guaracy reuniu memórias, reportagens, pesquisas de opinião pública e impressões de pessoas próximas ao ex-governador para saber por que o eleitorado deixou de tirar o chapéu para ele.

A leitura, infelizmente, não esclarece com o devido rigor o insucesso de João Doria. Pensada para ser um produto de gerenciamento de crise, a biografia tenta convencer o leitor de que tudo de ruim que aconteceu na vida de Doria é resultado da inveja e da maldade dos adversários. É assim no capítulo sobre a campanha ao governo do Estado, que acusa Jair Bolsonaro de copiar o discurso de João Doria e repassa ao eleitor a responsabilidade pela campanha #BolsoDoria. Difícil ler essas coisas sem dar risada.

João Doria disse a Raul Gil que não quer voltar para a política.

Que bom, João. O eleitorado também não quer seu retorno à política. Se possível, também evite apresentar "O Aprendiz" outra vez. Você enterrou o formato.