O novo algoritmo do Google --e o recadinho das big techs à imprensa

Sites de entretenimento, ciências, tecnologia e esportes sofreram quedas de audiência de até 85% devido à alteração do algoritmo do Google. Portais generalistas, içados pelo noticiário da guerra em Israel, estão contornando a situação.

A principal diferença notada pelos editores dos sites está na aba de sugestões do Android, sistema operacional do Google. Sem aviso prévio ou justificativa, a ferramenta deixou de destacar links de veículos profissionais e passou a entregar aos leitores vídeos do YouTube e guias de dietas e concursos públicos.

Coincidência ou não, essa mudança maluca e abrupta aconteceu depois da imprensa brasileira declarar apoio ao projeto de lei 2370, que impõe ao Google e às redes sociais a obrigação de pagar pelo conteúdo jornalístico exposto nas plataformas. Eis um novo dito popular: para bom entendedor, meio algoritmo basta.

As big techs nunca aceitaram pagar por conteúdo jornalístico, alegando que dão visibilidade aos portais e parte do faturamento com Adsense. Acontece que esse dinheiro não cobre --nem nunca vai cobrir-- os custos operacionais das redações de médio e grande porte. Problema da imprensa, sem dúvida alguma, mas também problema seu, refém ainda mais desse jornalismo meia-boca praticado hoje em dia.

O Vale do Silício assumiu o controle da imprensa ainda na década de 2000, quando os principais veículos de comunicação do mundo abaixaram as calças para o Facebook. Tudo o que aconteceu depois é crônica de uma tragédia anunciada. E ai de quem se insurgir.