Milton Neves e a indignação de "todo mundo"

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Milton Neves é o novo pária da comunicação brasileira.

A nomeação circulou na última terça-feira, 17 de agosto, em uma edição extraordinária do BuzzFeed Brasil, o Diário Oficial dos trintões descolados que ainda recebem mesada dos pais.

Para justificar a decisão, o veículo embedou tweets, anexou legendas com a espessura intelectual dos gibis da Magali e fez um julgamento à moda antiga, sem provas de acusação e defesa, decretando que todo mundo "estava puto" com as opiniões do jornalista sobre futebol feminino. Colocaram até um ":((((" no encerramento, argumento inexplicavelmente ignorado por José Eduardo Cardoso no processo do impeachment da presidente Dilma.

Ninguém leva Milton Neves a sério. Líder de audiência no rádio e apresentador do último programa esportivo que enfrentou de igual para igual o "Globo Esporte" no ibope, é um reconhecido provocador, que abusa das hipérboles para atiçar seus colegas de trabalho e espectadores.

O BuzzFeed ignorou o histórico de Milton Neves porque não leva o jornalismo a sério. Opinião no Twitter não é notícia. E a expressão "todo mundo", por questão de caráter, só pode ser empregada quando realmente existir unanimidade. O sensacionalismo intelectual do site das listas e gifs não se deu o trabalho de printar um twitteiro para corroborar sua tese.

Curiosamente, outros comunicadores fizeram críticas - mais apimentadas - ao futebol feminino. Nenhum deles mereceu a indignação do jornalismo de credibilidade anônima do BuzzFeed Brasil. A sanha contra Milton Neves é reflexo de sua popularidade. Os pensadores tupiniquins não admitem o que é popular. Querem, por maldade ou mediocridade, que todos vivam abraçados com as mesmas ideias. As ideias mais acessíveis para eles.

Os pretensos formadores de opinião da internet querem controlar os desejos de todo mundo. Só não querem conversar com todo mundo. É tudo muito feio por aí.

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