"Desaparecido", de Gabriel Calamari, diz muito sobre os curtas brasileiros
Galã de “Malhação: Viva a Diferença”, reprisada ano passado, Gabriel Calamari escolheu o cinema como atividade principal, roteirizando, produzindo e dirigindo curtas e longas que podem ou não ganhar vida.
Quem opta pelo caminho mais difícil, e isso nada tem a ver com condição social, sempre merece consideração. Gabriel poderia muito bem deitar em berço esplêndido e viver sem camiseta na novela das 7, mas preferiu ir atrás de um setor ferrado, sem perspectivas de médio e curto prazo.
A julgar por “Desaparecido”, curta selecionado para a Mostra do Cine Ceará, Gabriel faz bem ao vestir a camiseta do cinema. A história do trio de amigos cuja rotina é transformada por um recorte de jornal conduz cores, fotografia e trilha sonora harmonicamente.
Thalles Cabral, protagonista, transmite a inquietação de seu personagem sem histeria, o que é raro no Brasil. Abaixo da média, porém, estão os intérpretes de seus pais, um tanto contagiados pelo jeito TV aberta de sofrer. No mais, o saldo é muito positivo. 20 minutos bem gastos.
O Brasil é muito melhor produzindo curtas-metragens do que longas-metragens. Essa nova geração, aqui representada por Gabriel Calamari, sabe contar histórias à primeira vista mundanas com a destreza que falta a muitos diretores estrelados do mercado nacional. Isso talvez explique a crise do setor: falta espaço para o novo.
"Desaparecido" está disponível no Belas Artes À La Carte.